Plan de la Baye de Rio-Janeiro et de sous defenses, Leveux, ano 1757
(localização e plantas das fortificações da Baía de Guanabara)
NÃO ADIANTA FORÇAR A BARRA!
No século 18, embarque do ouro de Minas Gerais para a Europa pelo Porto do Rio de Janeiro atraiu a cobiça de piratas e corsários. Os franceses, que jamais se conformaram com a sua expulsão por Estácio de Sá 150 anos antes, resolveram voltar e saquear o Rio.
Era setembro de 1710 quando Jean François Duclerc, comandando seis navios e cerca de 1.200 homens, apontou na entrada da Baía de Guanabara usando bandeiras inglesas como disfarce. Não deu certo, porque espiões portugueses na França já haviam alertado as autoridades cariocas sobre a vinda do corsário francês.
Sob intenso bombardeio das baterias de Santa Cruz e São João, a esquadra francesa teve que recuar e tomou o caminho da Ilha Grande, onde aproveitou para saquear fazendas e engenhos. Dali, os navios se dirigiram à Guaratiba e desembarcaram as tropas, que foram à pé em direção ao centro da cidade. Passaram por Camorim, Jacarepaguá, Engenho Novo e Engenho Velho dos jesuítas (Tijuca), onde descansaram.
Seguindo pelo Mangue, morros de Santa Teresa e Santo Antônio, Lagoa do Boqueirão, ruas da Ajuda e São José, chegaram ao Largo do Carmo (Praça XV), onde foram surpreendidos e derrotados pelas forças de resistência cariocas, com cerca de 400 franceses mortos. Duclerc foi confinado em prisão domiciliar na Rua da Quitanda e assassinado misteriosamente por um grupo de encapuzados meses depois.
A população festejou a vitória durante dias, e o sistema de defesa da cidade passou a constituir o orgulho das autoridades do Rio de Janeiro. Pelas ruas, todo mundo comentava que depois desse episódio os estrangeiros jamais voltariam a forçar a entrada da barra da Baía de Guanabara.
E daí surgiu a expressão que quase 300 anos depois ainda é usada por todos os brasileiros: "forçar a barra"!
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