Morihei Ueshiba
Ueshiba, comumente chamado de O Sensei, cresceu na cidade de Tanabe, prefeitura de Watayama,Japão.
Decidiu, em tenra idade, começar a adestrar seu corpo para as Artes Marciais.
O povo de Tanabe é conhecido como trabalhador, teimoso e de temperamento explosivo, características que Ueshiba teve por toda sua vida.
Apesar de no tempo do nascimento de O Sensei já não existirem mais samurai no Japão, o clã Ueshiba havia sido de guerreiros no passado, e eram famosos por sua grande força física.
Ueshiba, apesar disto, foi uma criança fraca e que ficava doente freqüentemente.
O único filho homem, teve de trabalhar para ajudar seus pais e quatro irmãs.
Enquanto crescia, Morihei desenvolvia sua força.
Trabalhando nos barcos de pesca locais, aprendeu a manejar um arpão, e estudou sumô.
Também costumava escalar as montanhas em Kumano, às vezes com a carga de um peregrino doente às costas.
Morihei tinha o pensamento rápido e gostava de ler, mas não de ficar fechado numa sala de aulas.
Então, largou a escola no que seria, hoje, o nosso segundo grau.
Abandonando a escola formal, continuou seus estudos de Budismo num templo local, memorizando os vários ritos e cantos.
Muito da educação de O-Sensei veio da natureza, enquanto nadava e pescava no oceano e andava nas montanhas.
Sobre isto, declarou: Não importa onde estive, parte de mim sempre estará no espaço sagrado de Kumano.
Após dominar o soroban (ábaco), Morihei conseguiu um emprego como contador no escritório municipal de impostos.
Não se adaptou muito a esse trabalho (ele freqüentemente ficava ao lado dos contribuintes contra o governo).
Então, em 1901, Yoroku (pai de Ueshiba) mandou-o a Tokyo para procurar um emprego do qual gostasse.
O-Sensei deu-se relativamente bem como comerciante na capital, e iniciou nesta época a prática formal de artes marciais.
Mas, seu coração não estava no comércio, e ele, então, retornou a Tanabe, casando-se com HATSU ITOGAWA,uma parente distante.
Entrementes, preparava-se para alistar-se no exército.
No início da modernização do Japão, o novo governo Meiji envolveu-se nos grandes jogos em andamento naquela parte do globo.
Os maiores países europeus, os Estados Unidos, a China e o emergente Japão lutaram uma guerra com a China no período 1894-1895 e surpreenderam todos, inclusive eles mesmos, ao ganhar.
Quando Morihei retornou a Tanabe, o Japão estava se preparando para a guerra com a Rússia.
Morihei fracassou no primeiro exame médico para entrar no exército: ele tinha menos que o 1,60m necessários.
Então, ele se pendurava de árvores com pesos amarrados nos tornozelos para se esticar.
Passando, então, no seu segundo exame, Morihei foi designado para um regimento de infantaria de Wakayama.
O ativo Morihei se dava muito bem na vida militar.
Simplesmente acabar uma marcha forçada em primeiro lugar não era suficiente.
Ele costumava caminhar com mochilas extras de outros soldados.
Durante o serviço militar, Morihei especializou-se em sumô, baioneta e espada.
Quando a guerra começou, Morihei não foi enviado para a guerra.
Seu pai, Yoroku, um político com certas conexões, pediu secretamente que seu filho ficasse longe do front.
Morihei, entretanto, insistiu que fosse mandado para a batalha.
Então, foi mandado para o front na Manchúria, em 1905.
Não se sabe ao certo quanta ação Morihei viu; mas voltou sem nenhum ferimento para Tanabe ao final da guerra.
Impressionados com seu entusiasmo, os superiores de Morihei pediram que ele considerasse uma carreira como militar.
Ele negou. Mesmo com pouca idade, Morihei declarou: Eu instintivamente senti que havia algo de errado com a guerra; não existem verdadeiros vencedores, só existe morte e destruição.
Após sair do exército, a vida de Morihei ficou sem direção.
Começou a agir estranhamente, trancando-se no seu quarto por dias, desaparecendo na floresta, enfrentando um tufão na beira da praia.
Estudou diversas artes marciais neste período; quando havia levantamento de sacos de arroz (um evento nas vilas japonesas - erguer e arremessar um saco de arroz com um bastão) ele levantava o peso com tanta fúria que quebrava o bastão.
Fazia isto com tanta freqüência que não foi mais permitida a sua participação.
Para aumentar sua força, Morihei carregava peso nos ombros, quatro ou cinco vezes mais do que o peso normal.
Fazendo isso, bloqueava as ruas estreitas da vila, criando outra incomodação para seus vizinhos.
O criador do AIKIDO, que direcionou também sua atenção à disciplina espiritual e ao exercício mental, se decidiu originalmente, como todos os demais, a adestrar-se unicamente no plano físico.
Praticou quase todas as Artes Marciais existentes, começando com o Kitoryu Jiujutsu, Yagyu-Ryu, Hozoni-Ryu e finalmente o Daito-Ryu.
Tudo aquilo que lhe pareceu conveniente, ainda a ginástica de aparatos, Judo Kendo, Esgrima de Baionetas, estudou e praticou conforme as oportunidades.
Viajava de cidade em cidade buscando mestres nas Artes Marciais.
Durante seu período de adestramento, buscando demonstrar máxima cortesia com seus mestres, encarregava-se até de preparar-lhes a comida.
Uma vez começada a prática, se dedicava totalmente a ela.
Foi voluntário na guerra com a Rússia (1904/1905) lutando na frente de combate e provando, praticamente, o domínio das Artes Marciais e sua fortaleza física. Munido somente de um Bokken (espada de madeira usada para treinamentos), percorreu todo o Japão e cada vez que achava alguém de maior destreza, parava ali como discípulo até ter aprendido tudo o que o mestre poderia ensinar-lhe e logo continuava a caminhada.
Chegou a ser o homem mais competente do Japão em Artes Marciais.
Quando se achava a ponto de realizar suas aspirações, começaram a surgir em sua mente certas dúvidas, não sobre uma das Artes Marciais em particular, senão que acerca de todas em geral.
Ao derrubar os outros manualmente ou por meio de armas, ou lutar e vencê-los, de que servia tudo isso em última instância? Perguntava a si mesmo: Se isso é tudo o que de valor tem as Artes Marciais para nós, qual é o seu valor real? Você talvez possa subjugar a outro, porém, pode não ser capaz de controlar sua mente à vontade, o vencer a outros não lhe trará nenhuma felicidade duradoura.
Sua vaidade cairá satisfeita, mas, em que beneficia ela a humanidade em geral? Uma vez implantada esta dúvida, conduziu a muitas outras e por fim a intermináveis meditações com respeito a todas as coisas.
As artes marciais não empregam a força bruta para derrubar a outros, nem armas letais que levam o mundo à destruição.
As verdadeiras artes marciais, sem lutas em absoluto, regulam o KI da natureza, do universo, cuidam da paz do mundo.
Progridem e guiam até a maturidade tudo o que existe.
Por tudo isto, o adestramento marcial não é aquele que tem como propósito primário derrotar aos demais, e sim a prática do amor a Deus, dentro de nós mesmos! O mestre Ueshiba transformou, desenvolveu e criou as técnicas para o Aikido atual, substituindo o termo Jitsu (arte para a guerra) pelo termo Do (caminho espiritual), elevando-o de uma arte marcial para um caminho superior.
Nesse mesmo período O Sensei tem contato com o reverendo Deguchi, fundador da religião Omotokiu, através da qual consegue grande crescimento espiritual.
0 comentários: sobre Morihei Ueshiba parte 5
Postar um comentário para Morihei Ueshiba parte 5